domingo, 13 de setembro de 2009

A minha Prática

Faço acompanhamento psicopedagógico com crianças portadoras de necessidades especiais. No último ano trabalhei com duas crianças maravilhosas, uma com o síndrome de Asperg e a outra com epilepsia. Como trabalho com dificuldades de aprendizagem, eu procurei trabalhar com os pontos fortes de amnas as crianças e descobrir os pontos menos fortes. Descobri que ambos tinham uma memória visual e auditiva muito desenvolvida.
Um menino de 12 anos que decora todos os filmes da Disney. Não decora só a história mas todos os diálogos e o timbre usado pelos personagens. Quando lhe pedia para estudar algum texto ele ficava perdido porque, embora lesse, não entendia nem sabia reproduzir o que tinha lido. Descobri que não tinha problemas de interpretação mas sim problemas com o método utilizado para interpretar. Comecei a ler todos os textos com ele enfatizando a história, colocando expressividade gestual, facial e vocal. Os textos ganharam outra dimensão e normalmente ele pedia para ler de novo... Na terceira vez lia sozinho e tentava imitar as vozes. Acabava por decorar os textos mas conseguia entende-los. Foi a forma que eu encontrei para chegar até ele, prender sua atenção e compreender a sua memória. Eu precisava entender como ajudá-lo a estudar e consequentemente aprender.

O outro caso que apresento é o caso de uma menina com 11 anos, comprometida a nível psico-motor. Mas tinha um poder de observação imenso. Quando comecei a trabalhar os puzzles, pude ver que ela não só memorizava a figura final como ela olhava o fomrato das peças para o encaixe. Mais tarde, ao trabalhar a matemática, usei a sua facilidade em jogar dominó parta fazer contas. A memória dela era extremamente visual mas apenas isso. Foi quando comecei a desenvolver o raciocício dela com base nas experiências pelas quais tinhamos passado. Deu resultado e muitas vezes ela fazia analogias, buscando referência a jogos que tinhamos feito. Quando passamos para a alfabetização foi o meu grande desafio. Trabalhei muitas semanas o alfabeto, o desenho das letras, o soletramento das letras e das palavras que ela conhecia. Demorou meses, mas os resultados foram satisfatórios. Ao soletrar as palavras ela conseguia detetar as letras e escreve-las na ordem certa.

A memória serviu de apoio ao meu trabalho, no entanto, em bastantes dias foi a amnésia que reinou. Situações desconfortáveis fazem com que os mecanismos de defesa sejam ativados e estas crianças percam tudo o que foi adquirido recentemente. As crianças portadoras de necessidades especiais são expontãneas e têm dificuldades em expressar os seus medos e dificuldades. O nosso papel é fazer de cada dia, o mais vivido possível para que elas continuem querendo aprender.

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